A revelação de que documentos importantíssimos
apreendidos junto à Construtora Odebrecht, principal financiadora das campanhas
eleitorais dos últimos doze anos da grande maioria dos partidos grandes, lembremos, não
só do PT, implicam mais de duzentos políticos em crimes graves de corrupção e
atentado contra a república. Nesse sentido, o acordo firmado entre a Empreiteira e o
Ministério Público para colaboração mediante leniência, coloca esses políticos citados em
situação crítica perante a lei.
Apenas a título de enriquecimento das ideias, alguns desses
nomes já até morreram... e outros, não gozam mais de fôro privilegiado, ainda assim, na
mais grotesca das hipóteses, considerando a estatística a nosso favor,
imaginemos que 50% desses citados estejam trabalhando ainda ativamente na
política. Isso representaria incríveis cem políticos da república. Gente graúda
que devendo estar a serviço da nação, está a serviço de seus interesses
pessoais, contrariando frontalmente princípios básicos da Administração
Pública, pilares como Impessoalidade e Moralidade.
Evidentemente, para pessoas com inteligência média, fica muito difícil
considerar a hipótese de que tanto o ex-presidente como a atual presidente estivessem mesmo alheios a toda essa balbúrdia debaixo e ao lado de seus gabinetes. Por
outro lado, considerando a inteligentíssima expressão usada pelo Ciro Gomes em
entrevista ao Jornal O Dia, estamos diante de um “Sindicato de Ladrões”, do tipo que faz
qualquer coisa pela autopreservação de sua espécie “Homo Corruptus” e que não
guarda qualquer tipo de princípio moral quando é apanhado, só pensa em se
safar, o que nos leva a deduzir muito habilmente que o fim desse governo não nos leva ao fim da corrupção, sobremaneira.
Ocorre que nesse período turbulento, muitas
pessoas experimentam sair do lugar comum e opinar. Umas, invariavelmente, só
querem demonstrar que, primeiro, não sabem nada de história, tão menos do
Brasil, segundo, são tendenciosas e reforçam a tese de que somos todos Coxinhas
vs Petralhas, resumindo o debate político a uma constatação incrivelmente pobre
e que só nos condena eternamente ao país que vivemos: com fracos, analfabetos e
oprimidos.
Objetivamente, duas coisas são muito importantes
de se compreender. A primeira diz respeito à sua opinião. Ela é verdadeiramente
muitíssimo importante e deve ser respeitada independentemente do seu nível de
conhecimento. Isso, sim, se chama democracia. Esse é o verdadeiro conceito de
ser democrata, o conceito grego. Decorre disso que por essa mesma razão, para se fazer a
democracia forte e justa, igualitária, é que as pessoas precisam muito do conhecimento, da cultura.
Então, leia, se inteire, participe de tudo que renove e amplie seu conhecimento
sobre as coisas da vida. Seremos um país incrível quando isso acontecer. A
segunda, e ainda mais importante que a primeira, é o voto. Perceba: se você é
politizado e capaz de discernir, é capaz de perceber que o voto é a única arma
que o povo de bem tem para eleger seus representantes. O nome é muito próprio:
representante. Se temos uma sociedade ruim, os representantes, que são reflexos
nossos, serão ruins também. Isso é claramente o que acontece no Brasil.
Prosseguindo nessa linha de raciocínio, somos essencialmente corruptos e
ora, nossos governantes também o são, num grau maior. Mas são apenas a nossa
espécie evoluída, amplificada. Muitos de nós quando chegássemos ao poder,
eventualmente, faríamos coisas semelhantes... alguns menos, evidentemente,
outros, mais... mas essencialmente, numa maioria esmagadora, faríamos coisas
condenáveis, e a resposta é simples demais: nossa cultura é assim e isso não se muda do dia para a noite, só para se ter uma idéia, a Coréia do Sul levou vinte e cinco anos de considerável investimento em educação e cultura para sair da condição de segregado tecnológico e começar a formar cientistas, algo fundamental em todos os países evoluídos.
Por essa razão, é inevitável falarmos de
passeatas. Porque elas são inúteis demais. Quantas vimos nesses últimos vinte
anos, após a queda do Collor? Quantas tiveram algum efeito prático? Servem
apenas para fomentar ódios e discussões tolas e no fim, você vota. Se vota em
algum idiota, a passeata foi apenas a discussão da sua relação com seu namorado
político: não te levou a nada. Perceba que ou você rompe esse namoro, ou você
negocia uma saída amigável para a continuação da relação de forma honesta e de
maneira que isso te favoreça também. Gritar por menos corrupção não ajuda,
porque ninguém deixa de ser corrupto porque você pediu. É algo muito mais
subconsciente que roer unha, que você passa pimenta no dedo e para com o
onicofagia.
E por que então que o Impeachment
não resolve?
Obviamente, impeachment é a pior coisa
que pode ocorrer para um país. Se estamos mesmo tão desgovernados com quem
estamos no comando, o que seremos sem ninguém comandando esse barco? E além do
mais, o Ciro Gomes foi mesmo muito feliz ao dizer que se trata de um "Sindicato
de Ladrões", pois não adianta quem venha depois da Dilma, fique certo de que
essa pessoa não desejará resolver o problema do Brasil. Talvez, do contrário, cheia de poder
insuflado pela revolta popular, possa vir a se tornar uma espécie de apaziguador maligno da
sua própria desgraça, traçando ideais e cometendo atos hostis e muito mais atentatórios à república do que a
própria presidente atual.
Definitivamente, é um enorme tiro no pé achar que a cura para a doença
é trocar de doença!
A conclusão inteligente e sensata é de que o voto é
soberano e você tem enorme parte nisso, porque escolheu e escolheu novamente assim por incríveis três vezes após a sua escolha original. Foram quatorze anos pensando no que era melhor para o país e vendo e revendo os mesmos filmes de sempre. Sinceramente, não é aprazível a ideia de
tirar o presidente do país que é a oitava economia do mundo e que vive às
beiras de ser rebaixado mais umas vezes nas agências de crédito internacional. Fora, o risco iminente da super inflação às portas, embora saibamos que o fim que se anuncia é esse, considerando que diante da farta documentação que a Odebrecht trará aos autos, com todos os seus representantes concordando em colaborar com a justiça, a República nem está mais por um fio, mas por meio.
Mesmo assim, seja como for, todos os corretos estamos contra
os políticos corruptos. Isso é apartidário. Portanto, vamos lutar contra todos esses
que aí estão destruindo a imagem do nosso grandioso país no exterior, mas antes
de qualquer coisa: vamos lutar a favor do Brasil!
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