Dinheiro é a unidade de medida da riqueza, a grosso
modo. É a maneira métrica pela qual mensuramos o valor das coisas e assim
dividimos quem tem mais de quem não tem.
O dinheiro físico surgiu quando a busca por uma convenção
padronizada para medir as riquezas e trocar mercadorias de forma justa foi
inevitável do ponto de vista da grandeza das transações comerciais que já se
desenhavam nos idos do século VII antes de Cristo.
Tudo começou quando os Gregos criaram uma moeda metálica com um determinado valor cunhado pelo Estado. Entretanto, antes desse marco histórico, bastante impreciso, o valor das coisas percorreu uma extraordinária jornada antropológica ao longo do tempo, sendo atribuído desde ao chocolate, entre os magníficos Astecas, passando pelo Bacalhau Seco, entre os agressivos Noruegueses, até às mulheres escravizadas, conforme a cultura Irlandesa. De modo que essa maneira de pensar o valor das coisas comparativamente às outras é quase tão antiga quanto a própria vida em sociedade.
Tudo começou quando os Gregos criaram uma moeda metálica com um determinado valor cunhado pelo Estado. Entretanto, antes desse marco histórico, bastante impreciso, o valor das coisas percorreu uma extraordinária jornada antropológica ao longo do tempo, sendo atribuído desde ao chocolate, entre os magníficos Astecas, passando pelo Bacalhau Seco, entre os agressivos Noruegueses, até às mulheres escravizadas, conforme a cultura Irlandesa. De modo que essa maneira de pensar o valor das coisas comparativamente às outras é quase tão antiga quanto a própria vida em sociedade.
De maneira objetiva, em grande medida, podemos dizer que o fato dos
gregos terem cunhado uma moeda para mensurar o valor das coisas, facilitou o
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo de dinheiro e a coleta de
impostos, coisas inerentes ao estado moderno e que eram inviáveis na época em
que os valores eram contados em bois ou imóveis. Obviamente, essa revolução
social capitalizou a diferença de classes definitivamente, já que uns agora
tinham claramente mais dinheiro que outros. Era o início da burguesia, em
termos históricos.
Curiosamente, com relação ao papel-moeda, sua origem é
tremendamente mais confusa, pois se sabe que cédulas já eram usadas na China do ano 960, no
entanto, restritas à ela, o que provocou um longo desuso no fim do século XIV,
como se não fossem úteis naquele momento histórico. Podemos dizer que as moedas
metálicas tiveram papel importante durante muitos séculos, porque as notas só
apareceram na Europa em 1661, mais precisamente na Suécia, 700 anos depois do
seu primeiro uso documentado, na Ásia.
É ponto pacífico que já ultrapassamos a terceira
revolução monetária com o advento da modernidade eletrônica e da inteligência
artificial, situação em que cartões de crédito e caixas eletrônicos em rede já
representam a maior parte da forma de se contabilizar e utilizar os recursos
financeiros pessoais. Essa tese é muito bem descrita no excelente livro “A
História do Dinheiro”, do antropólogo Jack Weatherford, da Faculdade
Macalester, Estados Unidos. Em um trecho ele destaca com propriedade que “Com a
informática, o dinheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis,
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e corporações”.
Hoje é muito cristalina a ideia fundamental de que
o dinheiro precisaria ser inventado em algum momento da nossa história social, considerando
que é inviável, com os recursos que temos atualmente, contabilizar riqueza sem que
para isso tivéssemos uma unidade de medida clara, ainda que nesse tempo em que
vivamos, essa unidade seja, a bem da verdade, várias outras subunidades, que se
entrelaçam e se cotizam de diferentes formas nas bolsas de valores do mundo, todavia,
todas, dinheiro. Por outro lado, singularmente, é um exercício de imaginação
fantástico propor a cada um que tire suas conclusões acerca da possibilidade de
um mundo viável sem essa unidade de medida.
Como você acha que nos comportaríamos nessa
situação? Como os ricos existiriam?
Em primeiro lugar, há diversas civilizações que não
usam dinheiro nos dias atuais. Sim, ainda há! O primeiro exemplo que me vem à
cabeça para ilustrar essa situação é o dos índios. Uma quantidade enorme de
índios não sabe o que é dinheiro como mensuração de riqueza, aliás, eles sequer
sabem o que é riqueza. Vivem por anos a fio apenas trocando coisas pelo valor
que eles mesmos atribuem e que em grande parte, é sentimental ou pragmático. Os
índios são a civilização comunista que deu certo: sem propriedades e sem
riquezas, todos trabalhando em prol dos outros, sem detentores de mais-valia ou
locadores de mão-de-obra. Analisando a sociedade por esse prisma, é correto
dizer que o comunismo e o socialismo são possíveis, até mesmo, muito viáveis.
Infelizmente, o mundo civilizado nunca funcionou
assim. E digo isso porque o advento da escrita proporcionou o surgimento da diferença
fundamental do conhecimento entre as pessoas. A consequência natural disso foi
a discrepância no acesso à cultura das gerações seguintes, o que consolidou a
sobrepujança cabal de uns, em detrimento de outros. Como uns detiveram o
conhecimento sobre as áreas e os meios que produziriam riquezas a um certo
momento histórico, outros só teriam acesso a essas áreas se trabalhassem para
essas pessoas em troca de quinhões. Dessa estúpida relação de determinância, surgiu a inevitável diferença de classes que, posteriormente, se traduziria no capitalismo,
tal qual o conhecemos. E some-se a essa abordagem antropológica a questão da fé
e o advento da nobreza, que, anteriores ao mundo consumista, serviram em
diversas ocasiões ao longo da história para provar que esses eram os planos
divinos ou a ordem natural das coisas, o que só serviu para intensificar a
distribuição de renda de forma desigual a um extremo de domínio inigualável.
Imaginando o caminho que o mundo percorreu até se
tornar globalmente capitalista, vemos que é incontroversa a impossibilidade de
sermos comunistas. Essencialmente, porque as riquezas já existiam no mundo em
que vivemos quando essa tese foi criada e porque é impossível incutir na cabeça
das pessoas que detêm alguma riqueza, que as riquezas que elas detêm seriam
melhor aproveitadas se fossem de todos.
Por outro lado, diante dessa assertiva imutável, o
exercício de imaginar um mundo sem dinheiro se torna totalmente descabido, porque
não haveria como não termos mensuração de riquezas quando todos detêm algum
tipo de riqueza, e esta já é desigual na sua essência. Parece lógico que os que
têm mais, vão querer mais, e os que têm menos, vão querer mais também, de modo
que é imprescindível que haja uma forma de medir e especular essas trocas, até
mesmo como regra de sobrevivência.
Por fim, não termos moedas nos obrigaria a ter
outras medidas de riqueza e isso seria o mesmo que trocar Celsius por Kelvin ou
Fahrenheit, ou seja, o dinheiro só não poderia existir se não houvesse
acúmulo de riqueza.
Então, mais importante do que acreditarmos que uns
não terem dinheiro em detrimento de outros terem muito é uma tragédia colossal
do mundo moderno, é acreditarmos que a verdadeira moeda de troca da humanidade
é o conhecimento. Voltando três parágrafos acima, se vê que o surgimento da
riqueza tem ligação muito direta com o advento da escrita e do conhecimento e que toda riqueza vem dessa relação de subjugo, inicialmente intelectual. Assim, é conclusivo que pensar em
ser rico é pensar em ser detentor do máximo entendimento das coisas possível.
Em caráter decisivo, juntar dinheiro é cultural, e essa também é uma das
razões críticas de termos poucos brasileiros ricos em relação à média mundial
dos países mais desenvolvidos.
Então: como é o mundo melhor escrito?
Rico.
E por outro lado, como seria o mundo possível sem dinheiro?
Seria assim: escrito!
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