Ele nunca tem tempo para nada, mas conseguimos
“guindá-lo” entre um compromisso e outro para uma entrevista imperdível ao
Zumbido Coletivo, brindando os seis meses de blog.
Vamos a ela!
1 - Olá X, é
um prazer tê-lo conosco. Vamos começar com polêmica: como você tem visto toda
essa polêmica envolvendo as quebras de amizades nas redes sociais?
Olá Zumbido, primeiramente, muito obrigado pela
oportunidade e parabéns pelo Blog. Bem, você sabe, sou avesso a redes sociais.
Tenho pouquíssimos amigos, mas fiéis... e todos que sigo podem ter certeza de
que, por algum aspecto ou por vários, são pessoas muito interessantes e
importantes para mim.
Minha modestíssima opinião é de que a rede social
moderna, idealizada pelo Mark Zuckerberg, foi feita sob outras premissas, com
diversos outros propósitos. A mim me parece broxante discutir por meio dessas
mídias infames, mas tenho curtido muito saber a opinião dos meus amigos e
seguidores e me interessam os posts com fins sociais. Também me apetecem as
tiradas bem humoradas.
Por outro lado, não podemos esquecer de que há muitas
pessoas que usam essas redes para ser nelas o que não são em realidade.
Evidentemente, tenho amigos que discordam de mim redondamente, entretanto, é
cabal que somos amigos e não, irmãos por telepatia ou afinidade de pensamento.
Podemos e devemos ter coisas em comum, mas não que essas coisas sejam mais do
que o prazer pela boa leitura, pela boa comida, por lutas, futebol ou pôquer...
no mais, é ovo galado!
2 - X, me
fale, qual a sua opinião sobre o Pastor Marco Feliciano?
Uau! Que picante!
Brincadeiras à parte, devemos separar bem as
coisas. Em primeiro lugar, ninguém é obrigado a entender que o homossexualismo
é natural ou ideal para a sociedade moderna. Esse é um ponto da nossa
convivência que precisa ser rediscutido, até mesmo porque entendo ser imutável que
as pessoas vão ter tanto as suas opiniões, quanto as suas orientações na vida,
entre as quais, a orientação sexual é parte não só de gênero, como de cultura
e, por vezes, até mesmo de fisiologia, biologia, etc, o que não significa,
sobremaneira, que tenhamos que concordar com quaisquer dessas abordagens.
Enfim, o que me parece importantíssimo é ressaltar
que não é necessário que o Marco Feliciano entenda que o homossexualismo é bom aos
holofotes sociais. Diria, nesse sentido, que a sociedade moderna nos impõe uma ética
social imponderável e da qual não há como abrirmos mão, e nela está embutida a inegociável
necessidade de aceitação, nunca, no entanto, de compreensão.
Portanto, necessário
é que convivamos com todos de forma natural, que todos possam ser amigos entre
si e felizes, independentemente de suas orientações de gênero. Isso vale para
ambas as partes: vejo que os homossexuais também não entendam que há pessoas
que não compartilham das mesmas motivações que as suas.
3 – Nesse mesmo contexto, casamento homossexual, você é a favor, X?
O Zumbido vai me socorrer nessa! Atente:
“Evidentemente,
se fizermos uma reflexão e pensarmos com inteligência, Adão não era casado com
Eva, e nem poderia, porque o matrimônio é posterior. Entretanto, considerando
que Deus criou homem e mulher (concepção religiosa) para que dessem
continuidade à sua espécie, possibilitando a apenas um deles que pudesse gerar
outro a partir da combinação dos gêneros diferentes, há de nos parecer um tanto
ilógico que duas pessoas do mesmo sexo possam continuar a nossa evolução, mas
não só no sentido religioso estrito. Enfim, o ponto em que é desejável se
chegar é que todos hão de concordar que se num mundo colorido todos resolvessem
se casar com pessoas do mesmo sexo, estaríamos decretando a extinção óbvia de
nossa espécie. A nossa extinção. Portanto, há que se ponderar que o
homossexualismo por motivo intimista deve ser livre de engrenagens filosóficas,
no entanto, pensando no aspecto coletivo e no enorme número de pessoas que
vivem essa forma de afeto, pode significar uma involução biológica optar por
não nos procriarmos.
Paralelamente,
quando falamos do direito que avança e se torna adequado à sociedade do seu
tempo, não necessariamente estamos falando de justiça, e tem-se, nesse aspecto
que, muito embora a célula familiar seja imponderável, assim como o direito que
se molda com o bom costume, ela também se destrói por decisões equivocadas cujo
momento possa classificar como as únicas adequadas. Além do que ambos, família
e direito, são espelhos que refletem a inteligência de nosso tempo social.
E por outro
lado, quem disse que só o casamento garante o direito pleno da convivência a
dois? Ou o que se quer é apenas a instituição dessa nomenclatura para que o
nicho social em que vivem os homossexuais possa se inserir no todo social? Nem
um e nem outro. Ou melhor, um pouco de cada. Não podemos acreditar que pessoas
querem se casar com outras do mesmo sexo por conta apenas dos direitos que o
casamento civil lhes garantirá, pois, obviamente, um contrato entre partes
seria até mais efetivo. De outro modo, imaginar que eles querem somente
reconhecimento também não é pleno de definição. O que de fato os homossexuais
querem é que as pessoas acreditem que eles são capazes de constituírem uma
célula familiar e de socialmente geri-la, do mesmo modo que o fazem o pai e a
mãe, reconhecidos os direitos sociais e os deveres. Justo? Sinceramente, não
tenho elementos para dizer. E nem é desejável entrar nessa discussão em que só
quem vive pode opinar. De certo que o que objetivamos é apenas que você se
debruce a pensar no assunto por alguns minutos de leitura, porque do ponto de
vista do direito, analisando em letra fria da lei, esse direito que se quer, já
foi alcançado há tempos. Talvez, não da forma como requerido.”
Termino de forma muito sintética, explicando que a
união legal entre pessoas de mesmo sexo prescinde de casamento da forma
histórica como conhecemos, e para efeito da proteção do estado, como tal, e da
vida em sociedade, o direito principal já foi alcançado. Talvez o que os
homossexuais queiram seja mais a equiparação da união concedida nos termos
legais ao casamento social do que propriamente, o casamento legal.
4 - Qual a
sua opinião sobre cotas raciais?
Veja Zumbido, cotas não são ruins num primeiro
momento. Ou melhor, cotas só podem ser interessantes se vierem acompanhadas de
todo um processo de amadurecimento da equiparação social e, portanto, só podem ser boas num primeiro momento mesmo. Pense: não existem cotas à
revelia dos outros setores sociais. Não é algo que deva ser imposto. Então, pensando no aspecto coletivo, por que
não debatermos isso numa esfera mais ampla, por exemplo, por meio de referendo ou plebicito?
Acho muito interessantes as iniciativas de inserção
de negros em universidades, mas muito mais me apetece a ideia de que não precisemos nunca pensar na cor das pessoas que entram nas faculdades, assim como em qualquer outra característica física ou social.
5 - X,
movimento negro ou negro em movimento?
Zumbido, vou fazer menção a um texto maravilhoso
seu sobre a polêmica envolvendo a não-indicação de atores negros ao Oscar desse ano.
Tire suas conclusões, ok!?
“A verdade é
que toda essa polêmica é mesmo muito sem fundamento. Se pensarmos que a
possibilidade que um branco tem de ser indicado ao Oscar é diretamente
proporcional ao percentual de atores brancos atuando na indústria em relação
aos negros, e aos papéis mais relevantes que, em geral, eles têm, também em
comparação aos negros. Portanto, é óbvio que o problema passa absurdamente
longe de ser a não indicação, mas faz todo o sentido se a questão da
oportunidade é lembrada. Uma coisa é pano de fundo para a outra e serve apenas
para mascarar o problema maior. Obviamente, pessoas com menor criticidade, vão
achar que se trata somente de racismo, mas as que entendem o mundo de forma
global, vão perceber claramente que o racismo decorre da questão maior, que é a
condição do negro americano, a condição do negro no mundo.
Chris lembrou
bem em seu discurso: esse é o 88º Oscar. Será que em todas as outras 87
premiações anteriores houve negros indicados? Ora, obviamente, em muitas dessas
premiações, não. Mas por que toda essa polêmica agora? Porque estamos num mundo
rápido e global, em que opiniões politicamente corretas voam em milésimos de
segundos, povoando redes sociais e sendo viralizadas instantaneamente por gente
de todo o tipo, sem qualquer conteúdo ou expectativa. Se trata da questão do
politicamente correto, o maldito politicamente correto. E por que cargas d’água
então não se cria um prêmio só para negros? Melhor ator negro, melhor atriz
negra e por aí vai... Se há essa diferenciação descabida entre homens e
mulheres, por que não pode haver entre negros e brancos? A resposta é
extremamente óbvia, mas não é tão simples explicá-la. Seria, se as pessoas
conseguissem apenas pensar, ponderar.
Tudo reside
no politicamente correto.”
Então, logicamente, prefiro negros em movimento, especialmente,
quando esse movimento é coordenado com o movimento da sociedade geral.
6 - X, o que
você acha do recente aumento concedido aos Servidores Públicos federais?
Assim está ficando muito fácil... você só me
pergunta sobre coisas que já escreveu e, você sabe, sou muito seu fã: leio
tudo. Vamos lá! Mais uma do blog:
“A questão é
a seguinte: todo trabalhador tem o direito de ver seu salário ser compensado
pelas perdas inflacionárias. A isso não chamamos nunca de aumento, mas sim, de
correção salarial. Chamamos de reposição por perdas. Não há nada de ilegal ou
de gatuno nesse pleito. Em sentido amplo, a enorme maioria dos pleitos por
“aumentos salariais” que são divulgados nos veículos de comunicação como sendo
malignos aos cofres públicos, são, em verdade estrita, pleitos por reposições
salariais apenas, considerando a ausência maquiavélica e criminosa de uma
data-base para que esse tipo de pedido humilhante sequer precise ser cogitado,
quanto mais, levado a cabo por processos longos e cansativos, muitas vezes
ignorados por governantes sem visão qualquer de governança. Trata-se, portanto,
de crime da administração pública pelo não cumprimento de normas legais
básicas, deliberada negligência do poder público vigente.
Derradeiramente,
seja ou não ruim para o país que se precise dar uma correção enorme a
servidores que não veem seus vencimentos repostos pelos índices inflacionários
há longos anos, como era o caso dos servidores do judiciário brasileiro, que
mesmo após receberem mais de 41% de reposição, parcelados até 2019, ao final,
ainda se verão com seu poder de compra bastante reduzido, em muito mais de 20%
com relação à última correção, datada de 2006, é de se observar com atenção que
é muito desmotivador para a categoria, o que acaba sendo pior para o país. É
mais ou menos como remédio amargo: ruim, mas cura!
Não é à toa a
máxima de Rui Barbosa de que “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”.
Diante de
tudo, pensemos, pois, por que razão o nosso país não caminha e por que os
serviços públicos são tão ruins, nos levando à lógica reversa do índice de
desenvolvimento humano. De certo, tão certo quanto água é líquida, não é por
causa dos processos seletivos para contratação de servidores públicos
verdadeiros: Esses processos são amplos, difíceis e filtram com maestria os
realmente melhores para cada cargo. A questão única é tão clara que se
autodetermina, ela é a desmotivação em grau extremo, aliada à corrupção funesta
e irrestrita nos órgãos de natureza estatal. A quantidade de cargos
comissionados que são criados para se burlar a lei e colocar gente de toda
espécie na posição de empregado público é tão absurda que o símbolo do infinito
não a definiria.
Conclusivamente,
para dar cabo a essa história de que servidor público não presta, olhemos para
o nosso umbigo e ao levantarmos a cabeça para olhar para o mundo, veremos que
não estamos sozinhos e que o que nos une é a vida em comunidade e para viver em
comunidade, alguém tem que prestar os serviços de natureza estatal.”
Não tem conversa: são os servidores públicos que
fazem qualquer país!
7 – X, o que
você pensa de forma geral sobre educação?
Essa é tão importante que nem vou colocar entre
aspas, considerando que penso da mesma exata forma que você, Zumbido.
Educação é a mola propulsora de qualquer
civilização, em qualquer época. Normalmente, ela se traduz por escolhas
coletivas muito melhores, o que reforça enormemente a política local.
Governantes mais preparados, por sua vez, inspiram melhores soluções para os
equipamentos urbanos e preparam investimentos de ponta em tecnologia e em
serviços essenciais ao funcionamento da máquina estatal. Não à toa, todos os
países com educação elevada estão entre os maiores IDH’s do mundo. Isso decorre
essencialmente das melhores soluções coletivas que eles encontram para bem
viverem em comunidade, além do domínio tecnológico que desenvolvem.
Vivemos hoje um paradoxo lamentável no Brasil: país
corrupto precisa de pessoas pouco alfabetizadas, porque essas vão escolher pior
seus governantes e isso vai perpetuá-los no poder. É uma situação complexa e
dificílima de reverter, pois devemos escolher melhor nossos políticos, no
entanto, sem termos discernimento médio adequado para tanto. Além do mais,
quanto menos educação média um povo tem, mais ele tende a se agarrar em
políticas populistas como solução para as suas mazelas fundamentais, principal
recurso dos governos que desejam perpetuação.
Viver a era do florescimento cultural é demanda
primordial para que a nossa qualidade média de vida no país tenha um ganho
significativo nos próximos anos, porque dessa forma cobraremos mais as
iniciativas educacionais e desenvolveremos em nós o instituto da crítica.
Educação é uma bola de neve do bem: povo bem educado não é enganado, detém tecnologia
de ponta e desenvolve soluções mais adequadas pra si. Povo educado rechaça
ideias que parecem atraentes a curto prazo, tais como cotas, bolsas,
preferências e similares, porque tem convicção de que essas são medidas
paliativas demagogas e que nunca resolveram nada, em lugar nenhum do mundo,
além de só partirem de governantes sem imaginação e com criatividade limitada,
que só desejam mesmo a aprovação popular.
Nunca nos esqueçamos dos casos recentes do Japão e
da Coréia do Sul, que deram saltos enormes em qualidade de vida e despontaram
no cenário econômico e tecnológico mundial porque abdicaram de todas as outras
coisas em detrimento do investimento maciço em educação. O Japão fez isso com
sucesso após a segunda guerra, quando foi devastado, e a Coréia do Sul, em
vinte e cinco anos se tornou potência na educação mundial.
Tendo sido a escrita o maior marco evolutivo da
humanidade em todos os tempos, é de se deduzir a importância tremenda da
educação na essência vitoriosa de um povo.
8 – X, o
Lula é honesto?
Zumbido, poderia gastar todo meu arsenal de
polêmica com essa resposta, mas receio que ela seja tão infame que me sinta
constrangido por exercê-lo (o arsenal) em retórica tão pobre.
Resumidamente, o Lula não moraria na Dinamarca!
Mas se quer saber por que, acho que a resposta tem
mais a ver com fato de ele ser um produto do Brasil, do que com o fato de ele
ser quem ele é, propriamente dito. Então, se me entendeu, nenhum brasileiro
normal moraria na Dinamarca, rs!
Te devolvo com um desafio: somos normais?
FIM!
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X, você continua um safado imperdível!
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