Essa definição pertence a
Ludimila, e além de não ter sido dada por Val Marchiori, ainda poderia ser
aplicada a muitas outras meninas do Funk carioca.
Recentemente, quando importunada
por vizinhos da Ilha do Governador, onde mora no Rio de Janeiro, por conta de
suas “sociais” que oferecem badalação desregrada e baderna extrema, a Funkeira se
disse vítima de preconceito e perseguição por ser jovem e bem sucedida e
enfatizou que o fato de ter pouca idade lhe impulsiona a ter de aproveitar a
vida do seu jeito peculiar, completando com os seguintes dizeres: “os incomodados que se mudem!”.
Nascida no Rio de Janeiro, mas
criada numa região pobre de Duque de Caxias, cidade Fluminense, Ludimila (como
escrito no Facebook) parece não conhecer muito bem seus direitos e deveres
básicos. Regras de convívio social não parecem ser pra ela. Menina
aparentemente pouco vivida, e ao que parece mais ainda, de pouco ou quase
nenhum estudo, já foi se aventurar pelo mundo do Funk quando criança, com o
nome sugestivo de MC Beyoncé. Por evidente, teve problemas com seu empresário ainda
adolescente e só então passou a adotar seu nome de batismo como nome artístico.
Ninguém questiona o fato de que tem
dinheiro e fama. Bem sucedida é uma adjetivação mais casual que se torna
consequência desses atributos anteriores, que bem mais são ligados à sorte do
que ao talento genuíno. Sejamos francos: Ludimila não é uma Adele, nem mesmo a
versão que desafina no Grammy. A verdade é que não se sabe exatamente por
quanto tempo durará esse fenômeno do “24 horas por dia”, e claro, desejamos
sorte: nós cá e ela lá... mas naturalmente, precisa aprender tão logo que festas
em locais urbanos obedecem ao limite do bom senso e às leis civis básicas, de
modo que curtir esses rituais tardios e desregrados não está ao alcance único do
bel-prazer, mesmo para pessoas ricas, pois que ultrapassam as limitações
naturais impostas pelas metrópoles, em especial, em condomínios.
Mas não é só Ludimila que anda
desagradando com seus rompantes juvenis. Se lembrarmos bem, há um sem-número de
pessoas no Brasil que ficam ricas da noite pro dia, sem sequer terem completado
o primeiro grau, na enorme maioria dos casos, uma gama de “descerebrados”
dotados do poder abrupto da fortuna. Logicamente, dinheiro na mão de pessoas
deslumbradas e deseducadas é um convite a que acreditem serem donas do mundo. Tomemos
por base o caso do cantor Naldo Benny. Não tem muito tempo, o cantor se
envolveu em duas polêmicas grandiosas que só revelam seu caráter duvidoso.
Primeiro, seu sobrinho pobre, que agora se aventura no Funk, filho de seu irmão
Lula, já falecido, disse em um programa de televisão que não mantém contato com
o tio rico desde a morte do pai. Logo depois, Naldo também se envolveu em
problemas sérios com fãs num show na cidade de Lambari, em Minas Gerais. O
Cantor foi ostensivamente hostilizado e teve que se retirar do palco sob
garrafadas e vaias, após um atraso imenso para chegar ao local do evento e
sequer um pedido cortês de desculpas. Claro que isso viria a ocorrer em virtude
de uma noite recheada com mais 3 shows anteriores, em cidades distantes.
Naldo e Ludimila são apenas dois produtos
dessa nossa máquina de construir ídolos vazios. Há deseducados descerebrados
para todos os gostos. Espantoso mesmo é que essas pessoas conseguem alcançar a
fama em campanhas virais na internet e alçam inacreditáveis vôos sem qualquer
conteúdo, vôos que muita gente talentosa nunca sonhará em alçar. Esse fenômeno
social é tipicamente nosso. A necessidade de criar ídolos bizarros e depois os transformar
em mártires da sabedoria popular.
Para enfatizar, vejamos o
curiosíssimo caso do Mr. Catra. Um cara que como tantos outros foi sorteado na
multidão, deixou de ser figurante na vida por mero acaso do destino, e tinha
tudo, absolutamente, para ser um “fracassado de sucesso”. Não estudou, foi ligado
a bandidos através de seus “Funks Proibidões”, tem uma vida poligâmica assumida,
4 esposas e mais de 30 filhos. Só esses predicados singelos já bastariam para
não ser exemplo pra ninguém, mas pior, Catra ainda tem uma voz horripilante e
dicção atravessada. Como se explica alguém que mal emite sons para falar, ser um
cantor de sucesso? Em qualquer lugar decente do mundo, teria muitas
dificuldades para viver, mas por aqui estrela até campanha de rede de varejo na
televisão, em horário nobre.
Esses são os nossos ídolos.
Agora é a vez de um cara chamado MC Bin Laden. Como alguém que adota como artístico o nome do maior terrorista da história da humanidade pode ser querido e ter 20 milhões de visualizações no Youtube para uma música que repete o tempo todo o bordão "tá tranquilo, tá favorável"!?
Não. Não é absurdo. É a Terra Brasilis e seu eterno complexo de Peter Pan. Nunca seremos enormes glorificando Tiradentes, chorando por Cristiano Araújo, cativando Bin Laden, adorando Naldo e Ludimila, se espelhando em Mr. Catra.
O que todos eles têm em comum? A sorte de serem ídolos nascidos no Brasil.
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