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Ensaio: Por que o brasileiro não gosta de ler!?

Porque "um país se faz com homens e livros." - Monteiro Lobato.


Quando eu era pequeno, meu pai me incentivava à prática da leitura pela inserção constante de gibis e livros minimalistas recheados de imagens multicoloridas e pequenos trechos de leitura. Como não me lembrar do agradabilíssimo “Festa no Céu”, excelente livro para crianças serem iniciadas na leitura! Começou com ele o lendo pra mim, depois, me contava aquela mesma história... todas as noites... e eu adorava e, por fim, eu já mesmo lia, quase sempre. 

As histórias ruins se repetem, as boas não, porque são eternas.

Certo é que a estimulação das crianças a desenvolverem o fascínio pelo universo das letras precisa começar ainda muito cedo: o quanto antes possível, melhor. Na verdade, seu início adequado é quando a criança já adquire atenção por coisas diferentes, por cores fortes e vívidas. Nessa hora, é fundamental desenvolver na criança o imprescindível raciocínio lógico com brinquedos de inteligência e com livros visuais, histórias em relevo, coloridas ou que chamem a atenção para grandiosos elementos visuais e/ou de toque, por vezes, até auditivos.

Naturalmente, falar sobre esse assunto parece tema batido. Até porque essa não é uma controvérsia entre os diversos especialistas em cognição infantil. Aliás, também por essa razão, ainda que eu não tenha filhos pequenos, não me caberia outro caminho senão o da breve concordância. A leitura começa na idade mais tenra e todos concordamos nisso: muito dificilmente você vai encontrar alguém que tomou gosto pela leitura depois de adulto. Existe, claro, mas são minoria. Por outro lado, sendo um curioso por definição inabalável, e tomando como ponto de partida a minha própria experiência pessoal, resolvi por bem, absorto, ponderar acerca do maior problema do Brasil: a educação.

Sim. Não é a corrupção! Longe disso, aliás! Porque como bem disse o brilhante professor Clóvis de Barros Filho, não temos uma maioria de corruptos, muito pelo contrário, e além do mais, embora os nossos governantes reflitam com bastante fidelidade os anseios do nosso povo, não somos racionalmente avessos à ética social, mas estranhamos não levar vantagens por desconhecimento e por anticultura. Esse é um relevante traço do nosso país e tem muito a ver com a forma amoral com que fomos concebidos, por assim dizer. Refere-se a termos essa herança exploratória maldita correndo em nós desde sempre e que nos urgir por obter qualquer mínima vantagem, antes que nos a tirem. Evidentemente, sabemos o que é necessário para os nossos filhos, entretanto queremos sempre essa vantagem urgente, porque o nosso sistema social repleto de desigualdade favorece a que sejamos assim. Na verdade, esse sistema nos pressiona a que sejamos assim. Ainda nesse sentido, é comum, portanto, que pessoas dotadas de cultura mais refinada, esperança tenra e caráter formado, infelizmente tendam a se afastar das esferas políticas já viciadas, criando em nós a desagradabilíssima impressão de que todos os brasileiros somos como aqueles que acabam sendo eleitos.

É o caso do reflexo no espelho com defeito.

Reflexões sociais ao lado - perdão pelo péssimo trocadilho - sabemos, sim, o que precisa ser feito para amenizar esse mal a curto prazo, e para resolvê-lo, em algumas gerações. Nossas crianças precisam cada vez mais de contato com a leitura, com a cultura. Há que se ponderar com firmeza sobre o poder da educação ampla, enfatizando que não é à toa que os países com melhor educação estão nas melhores posições entre os menos corruptos do mundo.


Consonante, educadores têm as suas convicções, e uma delas é a de que o primeiro livro realmente escrito que toda criança deveria ler é o Gibi. Atrevo-me a acreditar que um Ministro da Educação decente se poria obrigado a acrescentar a disciplina da leitura para as crianças já nos jardins, com o forte incremento de rotinas visuais, culturais e artísticas em seus aprendizados básicos, e já nas mais tenras idades. Logicamente, quando fossem desenvolvendo mínimas habilidades com as letras, partindo para os Gibis. É inacreditável que um país que tem Maurício de Souza prive as suas crianças de conhecerem a fantástica Turma da Mônica. É um desprazer ver adultos que nunca leram um gibi ou rindo de quem lê!

Enfim, o que se pretende dizer é que é imutável que as crianças vão crescer e terão outros anseios que nascerão de suas virtudes básicas enquanto ser humano. É justamente por isso que, ao invés de lhes apresentarmos músicas com conteúdo carnal, deveríamos lhes mostrar o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Pois um país que tem Monteiro Lobato, maior escritor infantil da língua portuguesa, quiçá, de todos os idiomas, também jamais pode privar as suas crianças de conhecerem as fabulosas aventuras de Narizinho e sua boneca Emília. Não, isso não é plausível, tampouco, aceitável!

Reinações à parte, se você é como a mim, acredita piamente na máxima de Monteiro Lobato de que um país se faz com homens e livros. Quem não acredita nisso, nunca leu um livro!

E há obras para todos os gostos, todas as idades. Nunca mais me esquecerei do inacreditável Menino no Espelho, do Fernando Sabino! Quantas aventuras de menino eu tive baseadas naquelas fantásticas histórias autobiográficas e por quantas vezes depois de adulto desejei voltar a ser criança, no único intuito de reviver aqueles momentos mágicos de outrora.

O Mundo prossegue com as suas desventuras, crescemos e nos tornamos adultos sem fé, é bem verdade, mas para quem lê há sempre um caminho de luz, novas possibilidades que a criatividade aguçada é capaz de demonstrar por complexa dificuldade racional em renegar a esperança. Essa, a esperança, que é um “bendito mal” de quem lê. Nelson Mandela passou 27 anos preso e em todos esses muitos anos, leu e leu e leu... e só foi capaz de mudar a sua história e a história de seu pais porque tinha dentro de si a criatividade dos leitores assíduos e inveterados.

A verdade fatal é que o nosso país é, sim, um país de analfabetos. É de se determinar que pessoas que não dominem a sua própria língua natal, que não sejam capazes de entender ironias e expressões idiomáticas no seu próprio idioma, sejam tidas como analfabetas em alguma medida, que não é pequena. E garanto, são muitas essas pessoas. Estão espalhadas entre nós, mesmo com suposto bastante estudo, aquelas que não conseguem entender um poema, por exemplo. E, claro, isso é uma deficiência aguda do nosso sistema educacional que precisa ser corrigida com imponderável urgência. Ofereça Augusto dos Anjos a meia dúzia de amigos seus e perceba o desespero de alguns por não entenderem nada do que é dito. 

Educação não pode mais ser ensaiada. Educação é pra ontem.

Objetivamente, nunca deveríamos enaltecer o fato de que em algum momento da nossa história um analfabeto funcional foi duplamente alçado à condição de Presidente do nosso país, ainda mais por ser claro que pretendia usar parte dessa ideologia reversa como sentinela populista dos seus piores anseios por poder absoluto. Claro que sabemos que ser pobre priva as pessoas do acesso à boa educação, mas não impede aqueles que superaram essa barreira inicial de buscarem a libertação pelo saber. A prova cabal disso é o nosso ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa. Sobretudo, prova que é reiterada e que está em todo canto do mundo. Poderia citar inúmeros exemplos de homens que foram muito pobres e que ascenderam ao poder de seus países mundo afora, mas antes, estudaram e se tornaram pessoas com reconhecida cultura, o que não é e nunca será o caso do Lula, que prefere dar palestras sobre o que não fazer como Presidente e sobre como se sustentar sem profissão, depois disso.


Homens de bem querem um mundo melhor. E um mundo cheio de gente legal só é possível com educação e cultura acessíveis a todos. Quem começa desde cedo a ter contato com a cultura, se torna, sem sombra de dúvidas, um adulto melhor e não vai por na sua vida agraciada a culpa por qualquer mau-caratismo eventual.

O brasileiro não lê porque é talhado para achar o livro desimportante. Vamos reescrever essa história, mas agora, vamos lê-la!

Maurício de Souza, Monteiro Lobato e Fernando Sabino. Eis as mentes que hão de salvar o nosso país. Então, enchamos as nossas crianças de livros e nos tornemos o país da leitura! A Finlândia precisa de concorrentes à sua altura. 

Estamos cá, nós, cheios de escritores: por ora, chega de parir homens, passemos a parir leitores!

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