O Gestor da área de saúde pública
atrai para si uma das mais duras missões entre todos os outros administradores
públicos. Se por um lado seu trabalho se dá em termos muito mais gratificantes,
por outro, oferece riscos demasiadamente mais complexos: seu dilema constante é
contornar a dinâmica da desumanização de seus profissionais sem dessocializar seu comando.
Há quem afirme que a resposta
está num processo conhecido como Gestão da Sociabilidade – teoria da ciência política que
ora aplicada à lógica empresarial constrói um dos casamentos mais bem sucedidos
da história do sistema administrativo: embora observando que o conhecimento
surge da necessidade do poder - e foi assim desde a antiguidade – essa
associação da capacidade sensata de pensar os empreendimentos com o estudo das
relações interpessoais gera um dos maiores acervos de linguagem de liderança de
que se pôde ter notícia.
Trata-se de uma sistemática moderna que
busca agregar aos perfis de seus comandantes a sensatez para liderar plantéis caóticos. Incorpora ao papel do chefe o de líder em condição plena de mediador de conflitos, antes de qualquer coisa. É,
derradeiramente, uma linguagem rica e inovadora – não própria do fenômeno
público – que alia as partes e molda os interesses de acordo com quem se vai
lidar.
Podemos dizer que o engate
fundamental da Gestão sociabilizada é uma nova lógica administrativa em que o
objetivo é humano e não, material, e parte da capacidade própria desse gestor
em dirimir conflitos emergenciais sem agir friamente, e em repensar problemas
com a sensibilidade de quem os vive: seu cliente. Muito embora, ao introduzir a
mescla desses sentidos se torne também o capacitador de um sistema cujo
interesse secundário é ter uma estrutura empresarial plena e saudável
financeiramente.
Desse modo, cumpre analisar a administração
como assunto público, o gestor da saúde é um gestor social e coloca o homem
entre os seus assuntos administrativos, como foco primordial de seu objetivo,
de modo que este venha a cumprir dois papéis distintos: o de cliente e o de
provedor.
O profissional ao participar da
gestão de forma interativa, cooperando em comunidade acaba engajado a essa
estrutura fantástica que tem como caótica e imponderável característica o
crescimento da demanda em progressão geométrica e o crescimento da estrutura em
progressão aritmética – mal plagiando Malthus.
O homem comprometido com a sua
comunidade será um profissional bem liderado e que não combate a si próprio,
que é o que esperamos: o homem que simplesmente argui e atua contra as ações
por ele próprio mal desempenhadas, sem influenciar negativamente o seu meio,
embora compactue sempre e mobilize criticamente quando julgue necessário,
aquele que não se mantém inerte, mas também não radicaliza. Esse homem vai se
tornar o profissional adequado para a saúde pública. Um profissional
“ressocializado”, e que embora ainda possa estar num certo estágio de
desumanização, ainda pode ser tranquilamente “reumanizado” com o apoio do seu
gestor.
A Segunda parte dessa dialética –
e essa talvez seja a parte mais difícil – é ditar a dimensão humana a esse
entendimento do profissional com seu trabalho, que é antes de tudo social.
Logo, será preciso romper a linguagem político-administrativa e implantar uma
lógica mais psicossocial em que a dinâmica seja a melhoria progressiva da
qualidade com que desempenha seu papel-trabalho. É pois, fazê-lo entender que
seu empenho é uma contribuição, muito antes que um dever-fazer.
Para o grande Gestor de Saúde o
maior desafio é encontrar o termo certo entre ambas as máquinas de liderança: a
Político-Administrativa e a Psicossocial. Ele precisa entender, antes de mais
nada, que a função social difere da
função humanitária, no sentido em que ser socializado é fazer cumprir sua função
coletiva como ser de uma comunidade, e ser humanizado é fazer cumprir sua
função individual no próximo, como se fosse para si próprio. Portanto, enquanto um
detém aspecto coletivo, o outro é mais intimista.
A Gestão Administrativa na área da saúde compreende a acreditação das ferramentas que a compõem para ser humana e estende ao seu profissional o entendimento de que ele é o alvo de seu próprio trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário