Índios. Alguns os amam, muitos os
odeiam, a maioria sequer os conhece.
A verdade é que os brasileiros nativos, celebrados com muito valor em 19 de abril, não são em nada
parecidos conosco. Pra começo de conversa, os índios compreendem milhares de
etnias e, em quase todas, se mantêm por um sistema patriarcal de sobrevivência
coletiva extremamente eficiente e que em muito se assemelha com aquilo que um
dia foi o sonho dourado de Karl Marx: a extirpação da propriedade. Por evidente
que em infinita menor escala, mas capaz de provar racionalmente que a divisão
de tarefas e o poder quando atribuídos por critérios morais, sem o consequente envolvimento
da riqueza na administração da comunidade, cujas castas decorrem apenas do
compromisso social justo de cada qual na sua tribo, ainda são aspectos relevantes
para serem estudados no âmbito da antropologia moderna, quiçá, para o correlato
desenvolvimento social dos povos ditos tecnológicos.
A conclusão mais evidente é que,
de fato, temos mesmo muito que aprender com eles. Povo mais antigo a habitar o
continente americano, nossos verdadeiros colonizadores e singulares desbravadores. Os Índios nem sempre se chamaram assim. Foi Cristóvão Colombo que assim os
"apelidou" por acreditar ter encontrado as Índias quando por essas bandas de cá
aportou. Mal sabia ele, àquela altura, que tantas eram as tribos e tão
diferentes entre si eram os povos que nem mesmo as tais Índias com as suas
milhares de castas poderiam se assemelhar.
Por outro lado, aponta a teoria
asiática, hipótese antropológica mais aceita acerca do movimento de
migração que trouxe esses aborígenes para a terra brasilis, que os Índios vieram
para a América do Norte primeiro, vindos da Ásia, por volta de 14 a 12 mil anos
atrás, utilizando-se do estreito de Bhering como passagem, situado no subcontinente
chamado Beringia, extremo nordeste da Ásia, o que em algum momento
pré-histórico até possa ter sido relacionado a alguma eventual casta das tais Índias
reais, como Colombo um dia pensou.
Decorre que, na América do Sul, especificamente, os que aqui chegaram derivam
certamente das etnias mais resistentes, formadas por caçadores que despontaram
do Norte pelo Panamá. Oficialmente, os estudiosos ainda não concordam quanto à
antiguidade dessa ocupação na parte sul do continente americano. Alguns estimam
que as etnias mais antigas por essa região chegaram por volta de 11 mil anos
atrás, mas há novas evidências encontradas no Piauí e na Bahia que apontam para
uma ocupação até mais antiga. Certo é que essas populações se desenvolveram após
o contato com o homem branco nos últimos 516 anos, o que influenciou sobremaneira
os modos de uso e manejo dos recursos naturais e as consequentes formas de
organização dessas sociedades, que foram em muito se diferenciando.
Lamentavelmente, o simples
contato do homem branco com essas populações indígenas é mais do que suficiente
para dizimá-las, inicialmente, por conta do organismo muito seletivo e
pouquíssimo preparado em anticorpos e defesas contra doenças bastante comuns às
outras etnias de homens brancos e pardos, e mesmo apesar da Constituição ter tratado
de protegê-los, houve uma diminuição drástica das populações indígenas até
início da década de 90 do século passado, como registraram os censos
organizados pelo IBGE naquele período. Também, a agressão ao seu meio ambiente,
provocada pela expansão gananciosa dos homens, reduziu em muito as suas
condições naturais de sobrevivência, desfavorecendo incrivelmente a evolução
genética dessas raças.
Todavia, as investidas
governamentais parecem ter dado algum resultado e nos últimos anos, a população
indígena vêm experimentando crescimento demográfico constante. Em 2010 foram registrados mais
de 817 mil índios, conforme dados daquele censo (http://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-tabelas-2.html), mais da metade vivendo em regiões amazônicas. Entretanto, a despeito desse crescimento mais geral, há várias etnias que
praticamente desapareceram. É o que se pode ver pelo estudo dos dados do programa Povos
Indígenas no Brasil: das 246 etnias registradas no país, 48 já migraram para terras de outros países e
7 estão à beira da extinção, estas últimas contabilizando menos de 40 indivíduos por tribo, o que é
alarmante.
Mesmo assim, os governos que se seguiram têm trabalhado pelos direitos dessa população, que hoje está espalhada por todo o território brasileiro, a grande maioria habitando terras coletivas, declaradas pelo governo federal para seu usufruto exclusivo. As chamadas Terras Indígenas (TIs) somam, hoje, 700, o que pode ser considerado um grande avanço decorrente da Constituição Brasileira e dos órgãos por ela criados para proteger os índios, principalmente a FUNAI. Todavia, a demarcação das Terras Indígenas por parte do Estado se trata de um capítulo não finalizado da história brasileira: "muitas delas estão demarcadas e contam com registros em cartórios, outras estão em fase de reconhecimento; há, também, áreas indígenas sem nenhuma regularização. Além disso, diversas TIs estão envolvidas em conflitos e polêmicas." - ainda segundo a Povos Indígenas do Brasil.
Para finalizar, os donos reais dessa terra correspondem a 0,47% da população brasileira atual. Muito pouco para quem já representou a totalidade. Talvez, porque não tenham aprendido com os habitantes atuais dessa terra a fazer mais do que escambo.
Graças a deus!!!
Então, Índios honestos do Brasil, vamos recolonizar essa terra!!!!
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