Quem é deus?
Vivemos na era das guerras.
Não as guerras recheadas da
beligerância extremada a que estávamos acostumados a ver até o fim da
Guerra-fria, mas as guerras humanas, recheadas do subjugo do mais fraco pelo
mais forte. A pior guerra: a que não precisa ser pronunciada. Ela existe pela
simples possibilidade do mais forte dizimar o mais fraco por suas próximas dez
gerações e se sustenta pela forte opressão econômica exercida.
Paz é economia equilibrada.
A fome e a miséria tomaram conta
do mundo: ambas são, juntas, o maior partido político da Terra. Se os pobres
soubessem do que a força da quantidade é capaz, acabariam com o mundo dos ricos
e refundariam um novo mundo, recheado, agora esse sim, de um novo tempo sem
covardes e corruptos.
E há quem se pergunte: aonde está
deus nisso tudo? Quem ele é?
Deus é o “cara” – com todo o
respeito – que te disse sem ter que te dizer que as suas decisões estavam nas
suas mãos e que por elas, boas ou ruins, você faria desse mundo o seu mundo. Na
sublimação da espécie humana, Deus não é uma “personalidade personificada”,
ainda que porque seu conceito cabe em um sem-número de religiões, com toda a
sorte de crenças, das mais dogmáticas às mais dialéticas. Por isso mesmo, Deus
é somente o arbítrio, tão abstrato quanto a própria fé. Deus está presente em
tudo que você decide. Seja bom ou seja ruim, Deus está lá! Ele não te vê, por
óbvio: porque ele está dentro de você, dentro da sua mente. Ele é a sua
intuição mais subconsciente, a sua vontade semiconsciente de ser bom ou de ser ruim.
E Deus te promete a paz pelo seu
arbítrio!
Pense: pode haver pureza maior do que essa?
A um certo ponto dessa conversa
alguém há de perguntar: ora, se deus é o meu arbítrio e o meu arbítrio pode ser
bom ou ruim, pode decidir o melhor ou o pior, então quem será o diabo!?
Resposta mais simples do que
achar que Deus é uma personificação, é acreditar que Deus é apenas a força que
nos move a ter consciência de nossos atos e escolher o melhor por nós e pelos
nossos próximos. Nessa mesma medida, se pensarmos que Deus é apenas uma escolha
ou cada uma de nossas escolhas, os caminhos que nos levam a essas escolhas
seriam apenas a nossa fé nos movimentando.
Assim, se a nossa fé nas coisas
boas da vida - que pode ou não ser personificada num deus qualquer - é justo o
que nos alavanca para as nossas escolhas mais conscientes e é essa capacidade
que é Deus, ora, o que seria o diabo, senão não mais que a ausência dessa faculdade?
O Diabo é a ausência total de
consciência plena dos bons e dos maus atos. É apenas a nossa mente falhando,
nosso subconsciente que não sabe mais nos dizer por si se uma escolha que nos
caiba é boa ou se é absurda, se estamos atentando contra o poder que Deus nos
deu para movimentarmos tudo de bom que há ao nosso redor, ou se estamos sendo
plenos de faculdades para as nossas escolhas.
É tão simples, acredite: Deus é o
arbítrio, a fé é o que nos movimenta pelo caminho que nos levará às nossas
escolhas, a falta de consciência é o Diabo.
Agora, percebamos o contrassenso:
se o Diabo é a falta da consciência, como poderemos pecar seguindo essa lógica?
Quando nos falta a consciência?
Aí é que está. A consciência pode
nos faltar por simples negligência da nossa condição de seres pensantes e essa
é a maior das nossas escolhas, a parte mais íntima de Deus, do Deus que está em
nós: O arbítrio que nos conduz às faculdades mentais mais profundas, o arbítrio
que nos encarrega de sermos puros, a única escolha não-escolha: a do lado do
bem ou a do lado do mal.
Pecar é fazer algo ruim que
desejamos, ainda que a despeito da consciência daquele ato. Isso não prescinde
de ser pleno de faculdades mentais, pelo contrário, significa a escolha não-escolha
pelo lado negro.
Ok! Então me explique por que tem
gente que já nasce com tudo no seu devido lugar e outras que nascem já na
desgraça mais extrema?
Ué! Se Deus está na escolha, é
correto pensar que Deus não nos limita. E se ele não nos limita, essa faculdade
plena de escolher pode desembocar na escolha por ter um filho a qualquer hora
ou em qualquer circunstância. Ainda que essa escolha possa vir a depender
também, em certa medida, da providência da loucura. Ora, se não vemos mendigos
tendo filhos!? Vemos. Aos montes.
Agora, se um desses filhos é
você, não ponha a culpa em Deus e nem tente entender. Antes de qualquer coisa,
tente não ser um desses pais! Use o poder maior que ele lhe deu, o único poder
que ele tem, o da escolha. Não se limite por sua condição e saia da gaiola da
loucura (o seu diabo).
Busque o desafio de escolher
sempre o melhor lado e não pense que isso se refere somente a jogar dados...
Quando você joga um dado, faz uma
escolha... sendo seis, nova etapa. Sendo um, escolha jogar de novo!
Esse é deus: o arbítrio que te
leva a jogar os dados novamente!
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