Perguntas simples que todo brasileiro deveria saber
responder...
1 - O Brasil
é rico?
Não. Definitivamente, o Brasil não é rico.
O Brasil tem o oitavo PIB no mundo, o que significa
dizer que a nossa economia é a oitava no mundo que mais arrecada internamente e que mais produz riquezas por sua conta própria, o que não significa dizer que temos
saúde financeira e aporte necessários para sermos considerados ricos, uma vez
que outros fatores importantes nessa mensuração são desconsiderados por essa
abordagem mais simplista.
Por exemplo, temos um PIB per capita bastante
inferior comparativamente ao de outros países com PIBs altos, distribuição de
renda absurdamente ineficiente, ocupação espacial bastante insatisfatória do
ponto de vista da nossa grandeza e IDH pífio, se comparado aos outros 20 países
com maior PIB do mundo.
Apenas para melhor compreensão, Portugal tem
PIB per capita, distribuição de renda e
IDH muito superiores ao nosso, ainda que seu PIB seja infinitamente mais baixo,
o que deixa muito claro que não é o PIB que determina o grau de riqueza do
país, mas sim a divisão espacial e demográfica equânime e o retorno que este indicador conjugado a
outros é capaz de trazer ao equipamento público.
2 - A
quantidade de Cargos Públicos no Brasil é que nos torna burocráticos demais e
menos eficientes, além de configurar um festival de dinheiro público jogado no
lixo?
Não.
A perfeita relação entre um Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) satisfatório e o equilíbrio da vocação pública em
ser equitativa e equânime tem muito mais a ver com a quantidade direta de
empregados nos setores públicos do que com a diminuição do equipamento estatal.
Só para termos ideia mais ampla, nos países mais
desenvolvidos, o percentual de servidores públicos médio girava em torno de 22%
da população economicamente ativa em 2010, enquanto que no Brasil, esse
percentual era de apenas 12%, diferença bastante significativa e que demonstra
que a quantidade de servidores não tem impacto direto na burocracia, mas antes,
a configuração do equipamento público e a eficiência do retorno da arrecadação
fiscal na sociedade.
Por outro lado, no mesmo período da pesquisa, se
verificou que o Brasil gastava 12% do seu PIB com esses mesmos servidores,
enquanto que a média no mundo era de 11%. Ou seja, com 10% a mais de
servidores, esses países ainda conseguiam gastar 1% a menos, o que reflete
apenas a ineficiência do nosso setor público, que não consegue devolver em
serviços o gasto que lhe é despendido, de modo que fica muito claro que a
quantidade de servidores não é e nem nunca foi um empecilho, mas sim, a
eficiência da configuração do equipamento estatal impacta significativamente na
forma com que esses servidores poderão devolver à sociedade o investimento
neles depositado.
Outra coisa muito relevante é que, apesar de no
Brasil a quantidade de servidores públicos não ser enorme como se pensava, ela
é em grande parte viciada pelo instituto das nomeações em cargos em comissão e
funções comissionadas, formas essencialmente espúrias e nepotistas de colocar
agregados dos políticos no poder, contaminando de antemão a eficiência da
máquina pela colocação indevida de pessoas sem conhecimento técnico em Cargos
de gestão fundamentais ao funcionamento estatal, e pior, sem o devido concurso
público, como manda a lei.
3 - Juros
baixos significam economia saudável?
Não. De forma alguma. Esse é um dos grandes mitos
da economia.
Muitas vezes, países considerados muito sólidos
economicamente, decidem elevar suas taxas básicas de juros em troca de
recepcionar mais investidores ávidos por fazerem dinheiro com especulação e
riscos calculados e no intuito de melhores retornos financeiros a médio e longo
prazo. Evidentemente, Isso se traduz numa política monetária agressiva, de
sufocamento de economias emergentes, quase sempre. Os EUA fizeram isso do
início pro meio desse ano e causaram enorme alvoroço, já que o dólar disparou
nas bolsas mundiais, em consequência do grande volume de retirada das
aplicações dos investidores americanos nesses locais no intuito de lucrarem com
aplicações de curto prazo em seus próprios países.
Evidentemente, uma economia saudável não pode ter
juros tão altos tais que impeçam os mais pobres de financiarem, afastados pelo
medo direto da inadimplência, o que torna o país inseguro sob o ponto de vista
dos investimentos externos, nem juros injustos em tal medida que, na ocorrência
de financiamentos, tornem os mais ricos ainda mais ricos e os mais pobres
sufocados pela necessidade de consumo. Ambas as políticas claramente são antipatrióticas
e só servem para aumentar consideravelmente o abismo da distribuição de renda, muito
embora possam servir como mecanismo ultrapassado e expediente muito utilizado
ainda no Brasil para controle indireto da inflação e da alta das moedas
estrangeiras, uma vez que atraem investidores de imediato, poupando o Banco
Central de ter de usar suas reservas em emergências econômicas no curto prazo.
Por fim, juros excessivamente baixos provocam
colapso em economias frágeis, pois espantam investidores agressivos, que são os
que mais trocam notas de crédito nas bolsas mundo afora. Aconteceu recentemente
com a China, que se viu obrigada a mudar a sua política de juros da noite para
o dia.
Portanto, uma política de Juros eficiente é a
palavra de ordem nesse caso. Juros que não sejam nem descabidamente altos e nem
demasiadamente baixos a ponto de tornarem o país pouco atraente a investidores
externos.
4 - Dólar
baixo significa força da nossa moeda no exterior?
Não. Outro mito.
A cotação das moedas estrangeiras pode ser
controlada de inúmeras formas, uma delas, tal qual vimos acima, é pelo aumento
dos juros, o que naturalmente lança oferta e lógico, diminui o valor médio.
Outra forma bastante utilizada por países emergentes para controle das cotações
estrangeiras é o uso de suas reservas para comprá-las e forçar os investidores
a negociar valores mais baixos por suas notas de mercado.
É importante entender que as moedas estrangeiras
têm tanto impacto na nossa economia porque todas as operações mercantis do
Brasil no exterior são realizadas em notas universais, no caso, Dólar e Euro,
mais comumente. Assim, se há cotação alta, significa dizer que os produtos que
importamos se tornam muito mais caros e, consequentemente, aqueles que
exportamos, muito mais baratos. É um impacto tremendo na balança comercial.
Todavia, não é exatamente porque o câmbio sobe que
as coisas aumentam de preço: cotação alta não tem muito a ver com inflação, pelo
menos não da forma como estamos acostumados a pensá-la.
Na verdade, o aumento sistemático do nível médio de
preços em períodos determinados é o que chamamos inflação, e ela ocorre na enorme
maioria das vezes por causas monetárias, situação natural em que há mais
dinheiro em circulação do que nas mãos das pessoas. Entretanto, por vezes, até
mesmo tendências psicológicas de mercado podem causar altas sistemáticas de
preços, devido à sensação de insegurança econômica generalizada, quase sempre provocada
pelo simples achismo de que todos vão praticar preços mais altos, o que acaba
se tornando uma tendência real em função das circunstâncias. Outro motivo óbvio
para a inflação é o desajuste entre a oferta e a demanda por bens e serviços.
Evidentemente, essas são razões mais comuns, muitas
vezes combinadas e, por isso, de complexa compreensão. Outras, tais como o
aumento dos gastos públicos, que força o aumento de impostos e
consequentemente, dos bens associados, caso atual do nosso país, Cartéis,
Custos de Produção, Produção em Baixa, Indexação e Inércia, são também bastante
relevantes, principalmente quando também combinados.
Na verdade, a inflação é um dos fatores entre
tantos outros que geram o descontrole do câmbio e não, o contrário.
Naturalmente porque quando ela ocorre, os investidores tiram seus ativos do
mercado no intuito de ganharem dinheiro no curto prazo por meio de aplicações
que rendam juros imediatos. Diminuindo a oferta, o Dólar sobe. O efeito é uma
bola de neve e exige atuação rápida da equipe econômica do governo para que o
descontrole cambial não provoque mais inflação e seus efeitos comecem a ser
sentidos mais claramente. Como essa associação é muito intensa, é justo daí que
decorre a ideia comum de que é o dólar que controla a inflação, mas na verdade,
ele muitas vezes, aumenta por causa dela e, depois, sim, quando sistemático, acaba a agravando, de forma inversa à relação inicial, pelo desequilíbrio
comercial extremo a que essa circunstância leva.
5 - Educação
é o que pode nos salvar do subdesenvolvimento?
Sim. Sem qualquer sombra de dúvida.
Educação é a mola propulsora de qualquer civilização,
em qualquer época. Normalmente, ela se traduz por escolhas coletivas muito
melhores, o que reforça enormemente a política local. Governantes mais
preparados, por sua vez, inspiram melhores soluções para os equipamentos
urbanos e preparam investimentos de ponta em tecnologia e em serviços
essenciais ao funcionamento da máquina estatal. Não à toa, todos os países com
educação elevada estão entre os maiores IDH’s do mundo. Isso decorre
essencialmente das melhores soluções coletivas que eles encontram para bem viverem
em comunidade, além do domínio tecnológico que desenvolvem.
Vivemos hoje um paradoxo lamentável no Brasil: país
corrupto precisa de pessoas pouco alfabetizadas, porque essas vão escolher pior
seus governantes e isso vai perpetuá-los no poder. É uma situação complexa e
dificílima de reverter, pois devemos escolher melhor nossos políticos, no
entanto, sem termos discernimento médio adequado para tanto. Além do mais, quanto menos educação média um povo tem, mais ele tende a se agarrar em políticas populistas como solução para as suas mazelas fundamentais, principal recurso dos governos que desejam perpetuação.
Viver a era do florescimento cultural é demanda
primordial para que a nossa qualidade média de vida no país tenha um ganho
significativo nos próximos anos, porque dessa forma cobraremos mais as
iniciativas educacionais e desenvolveremos em nós o instituto da crítica.
Educação é uma bola de neve do bem: povo bem educado não é enganado, detém
tecnologia de ponta e desenvolve soluções mais adequadas pra si. Povo educado rechaça ideias que parecem atraentes a curto prazo, tais como cotas, bolsas, preferências e similares, porque tem convicção de que essas são medidas paliativas demagogas e que nunca resolveram nada, em lugar nenhum do mundo, além de só partirem de governantes sem imaginação e com criatividade limitada, que só desejam mesmo a aprovação popular.
Nunca nos esqueçamos dos casos recentes do Japão e
da Coréia do Sul, que deram saltos enormes em qualidade de vida e despontaram
no cenário econômico e tecnológico mundial porque abdicaram de todas as outras
coisas em detrimento do investimento maciço em educação. O Japão fez isso com
sucesso após a segunda guerra, quando foi devastado, e a Coréia do Sul, em
vinte e cinco anos se tornou potência na educação mundial.
Tendo sido a escrita o maior marco evolutivo da
humanidade em todos os tempos, é de se deduzir a importância tremenda da
educação na essência vitoriosa de um povo.
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