Acredite, o maior patrimônio de um país decente é o seu povo. Em tempo, é de dentro desse povo que alguns são selecionados, muito bem selecionados (concursados), para o paradoxo complexo da auto-servidão. Sim, porque quem presta serviços à comunidade tem uma razão muito óbvia para querer fazer bem: está prestando serviços a si mesmo, também!
Qual o maior patrimônio de um país?
Evidentemente, ao seguirmos essa linha de
pensamento, uma outra variável importantíssima passa a ser deveras relevante
nesse contexto: a educação.
É ponto pacífico que um povo mais educado na média,
é um povo mais capaz de se autodirigir no sentido da prosperidade. Isto porque
pensa e repensa seus modelos de tal modo técnico e justo que há sempre de
encontrar as melhores soluções em conjunto e de bem aplicá-las com foco e
determinação. Um povo educado têm diretrizes e ética, dois pontos que compõem a
engrenagem perfeita e fundamental da vida em comunidade.
Então, se o patrimônio maior de um país é o seu
povo, e se esse povo é educado, que produto se espera ser devolvido a essa
nação?
Serviços Públicos de excelência.
Ainda que repetitivo, parece Inegável que os dois
pilares inegociáveis que sustentam países reconhecidamente justos socialmente
são serviços públicos com altíssima qualidade e máquina estatal altamente
desenvolvida, o que resultará em índice de desenvolvimento humano amplamente
satisfatório.
Naturalmente, desse entendimento prévio decorre a
razão por que o objeto do texto são os Servidores Públicos. Por serem
essenciais ao equipamento público moderno e à convivência em comunidade. Eles
fazem a máquina estatal viva em tempos capitalistas, a fazem funcionar e tomar
corpo sem objetivos empresariais, sem relações comerciais, apenas no sentido de
proteger uma sociedade da qual eles mesmos fazem parte. Devemos atentar,
portanto, à cunhagem “Máquina viva”, porque esse estado de excelência precisa
ser humano e social ao mesmo tempo, nunca, empresarial. São os servidores
públicos que nos possibilitam essa relação entre vivermos num país e nos identificarmos com ele nacionalmente, na atuação deles enquanto agentes públicos, nesta encontraremos
a motivação para o orgulho patriótico.
Precisamos, ainda nesse sentido, ter orgulho dos
nossos servidores, pois pense: alguém que serve ao seu país e lhe devolve o que
recebe em forma de salário, mediante a arrecadação dos impostos da qual ele
mesmo é também participante. É a relação de emprego mais bonita que pode haver
na sociedade moderna e não podemos, de forma alguma, banalizá-la, porque se
trata da mais pura poesia social aplicada na realidade em tempos capitalistas.
Paradoxalmente, no entanto, não é o que temos visto
ultimamente no Brasil. Veículos de mídia têm incitado constantemente o ódio
coletivo contra os servidores públicos, claramente confundindo cargos
conquistados por meio de processos seletivos complexos e pesados com cargos
políticos de natureza eletiva e temporários. Há, sim, uma fortíssima campanha midiática
que tem como foco descaracterizar as pretensões dessas categorias de
trabalhadores de manterem o poder de compra de seus salários por meio da
simples indexação de seus vencimentos às reposições por perdas inflacionárias,
motivação não somente justa, como adequada e totalmente baseada em lei.
Data-base para correções salariais no serviço público advém de motivação legal
e se não é cumprida pelas autoridades competentes, normalmente eleitas, são elas
que estão cometendo crimes e não, os servidores por quererem fazer valer seu
direito básico.
O Brasil é o único país do mundo em que o certo
aparenta ser imoral e quase é taxado de ilegal.
A questão é a seguinte: todo trabalhador tem o
direito de ver seu salário ser compensado pelas perdas inflacionárias. A isso
não chamamos nunca de aumento, mas sim, de correção salarial. Chamamos de reposição
por perdas. Não há nada de ilegal ou de gatuno nesse pleito. Em sentido amplo,
a enorme maioria dos pleitos por “aumentos salariais” que são divulgados nos
veículos de comunicação como sendo malignos aos cofres públicos, são, em
verdade estrita, pleitos por reposições salariais apenas, considerando a
ausência maquiavélica e criminosa de uma data-base para que esse tipo de pedido
humilhante sequer precise ser cogitado, quanto mais, levado a cabo por
processos longos e cansativos, muitas vezes ignorados por governantes sem visão
qualquer de governança. Trata-se, portanto, de crime da administração pública pelo
não cumprimento de normas legais básicas, deliberada negligência do poder
público vigente.
Derradeiramente, seja ou não ruim para o país que
se precise dar uma correção enorme a servidores que não veem seus vencimentos
repostos pelos índices inflacionários há longos anos, como era o caso dos
servidores do judiciário brasileiro, que mesmo após receberem mais de 41% de
reposição, parcelados até 2019, ao final, ainda se verão com seu poder de
compra bastante reduzido, em muito mais de 20% com relação à última correção,
datada de 2006, é de se observar com atenção que é muito desmotivador para a categoria,
o que acaba sendo pior para o país. É mais ou menos como remédio amargo: ruim,
mas cura!
Não é à toa a máxima de Rui Barbosa de que “De
tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver
crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de
ser honesto.”.
Diante de tudo, pensemos, pois, por que razão o
nosso país não caminha e por que os serviços públicos são tão ruins, nos
levando à lógica reversa do índice de desenvolvimento humano. De certo, tão
certo quanto água é líquida, não é por causa dos processos seletivos para
contratação de servidores públicos verdadeiros: Esses processos são amplos,
difíceis e filtram com maestria os realmente melhores para cada cargo. A
questão única é tão clara que se autodetermina, ela é a desmotivação em grau
extremo, aliada à corrupção funesta e irrestrita nos órgãos de natureza
estatal. A quantidade de cargos comissionados que são criados para se burlar a lei
e colocar gente de toda espécie na posição de empregado público é tão absurda
que o símbolo do infinito não a definiria.
Conclusivamente, para dar cabo a essa história de
que servidor público não presta, olhemos para o nosso umbigo e ao levantarmos a
cabeça para olhar para o mundo, veremos que não estamos sozinhos e que o que nos
une é a vida em comunidade e para viver em comunidade, alguém tem que prestar
os serviços de natureza estatal.
Servidores Públicos somos nós, aquele resto, lá do
Planalto, esses, sim, são os outros!
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