O menino que há por trás do artista só deseja mesmo fazer arte: a arte pura e magistral do mais talentoso e promissor artista brasileiro do momento, um autodidata de vinte e poucos anos que, quase sem recursos, cria objetos hiper-realistas com perfeição que só Deus explica.
No Brasil temos muitos artistas,
mas temos pouca, muito pouca arte.
Esse não é o caso de um jovem e
promissor artista brasileiro nascido em Santo André, interior de São Paulo, que
vive realmente de fazer arte, e não somente de ser artista.
Giovani Caramello têm hoje 25
anos e é autodidata de uma forma de expressão pouquíssimo difundida no nosso
país: o Hiper-realismo. Um jovem artista plástico que já têm trabalhos notáveis
apresentados mundo afora e reconhecimento amplo da crítica especializada, que
vem tecendo comparação de seus trabalhos aos do gênio do Hiper-realismo, o australiano
Ron Mueck.
De fato, sua arte nos encanta.
Mas ainda para além dela, sua história é o componente que há de mais bonito
nessa trajetória difícil, numa forma de expressão moderna, ainda quase nada
difundida entre brasileiros e mais, entre sulamericanos. Um menino que desde
muito pequeno ficava tentando imitar a arte de sua mãe, a também artista
plástica Luci Chicon Caramello, e que na adolescência, sem saber exatamente o
que iria fazer da vida, foi se dedicar ao desenho até o fim do ensino médio, e
sem a menor ideia de que faculdade cursaria, iniciou suas atividades artísticas
por meio da modelagem 3D. Pode-se dizer que a modelagem acabou, ligeiramente
mais tarde, o levando pelo caminho da escultura, no interesse fundamental de
aperfeiçoar sua técnica.
Enfim, a comparação com o gênio
da técnica não é por acaso. Navegando pelos mares da técnica da escultura, Caramello
se apaixonou mesmo pelo hiper-realismo ao se deparar com os trabalhos de Mueck,
de quem já se dizia fã: "Já gostava
de Ron Mueck quando trabalhava com 3D, mas é caro e não há suporte no Brasil.
Só que decidi que era isso o que eu queria e resolvi tentar.". Giovani
explicou em sua recente entrevista à Folha que “cada quilo do silicone que serve de matéria-prima para esse tipo de
trabalho é importado por R$ 300.”. Por isso, se algumas esculturas de Mueck
chegam a pesar 500 quilos, ele é obrigado a economizar, usando em média meio
quilo por obra. Também poupa matéria-prima e, por enquanto, faz apenas as
cabeças de silicone. Os corpos ainda têm sido feitos de resina, material mais
barato.
Até mesmo por toda essa dificuldade financeira, o jovem se diz muito surpreso com a repercussão que seu trabalho vem tendo e com a comparação ao australiano, Mueck: “Nunca imaginei que fosse chegar a esse ponto, mas não penso muito nisso. É muita responsabilidade. Não me incomoda, mas acho que não faço jus à comparação ainda. Tenho que aprimorar modelagem, pintura e acabamento para chegar lá.”.
Até mesmo por toda essa dificuldade financeira, o jovem se diz muito surpreso com a repercussão que seu trabalho vem tendo e com a comparação ao australiano, Mueck: “Nunca imaginei que fosse chegar a esse ponto, mas não penso muito nisso. É muita responsabilidade. Não me incomoda, mas acho que não faço jus à comparação ainda. Tenho que aprimorar modelagem, pintura e acabamento para chegar lá.”.
Como consta do seu introito
artístico na Galeria OMA, local em que apresentou recentemente seus trabalhos
na exposição intitulada “Meditação sobre a impermanência”, em São Bernardo do
Campo, São Paulo, sua arte tem por objetivo abordar questões relacionadas ao
tempo e à sua efemeridade. Nelas, Giovani propõe uma reflexão sobre o conceito
de que tudo um dia cessa, seja um sentimento, uma experiência, uma fase, e a
própria vida. Suas obras têm a pretensão de mostrar que o único momento
existente é o presente, que também é efêmero. É um belo convite artístico a pensar
sobre a impermanência.
Objetivamente, sabe-se que
Giovani é o único escultor hiper-realista brasileiro, e por isso mesmo, vem
sendo tratado como uma joia pela crítica especializada. Nos últimos tempos,
ganhou notoriedade após recente crítica de seu trabalho publicado na Folha de
S. Paulo (março/2015) e grande repercussão na mídia. Ele mesmo diz nessa
reportagem feita pela Folha que não conhece outro escultor brasileiro hiper-realista e
diz acreditar que também não há muitos pelo mundo. "São apenas três ou
quatro que se destacam".
Giovani tem mesmo razão, além de Mueck,
talvez só se conheça no mundo o também australiano Sam Jinks, o britânico
Jamie Salmon, o angolano Jorge Melício e o japonês Kazuhiro Tsuji, como
representantes desse tipo de arte tão complexo.
Ao longo dos últimos tempos,
depois do reconhecimento alcançado junto à crítica especializada, Giovani afirmou ainda à Folha, na mesma reportagem, que até conseguiu contato por e-mail com o japonês Tsuji e o britânico Salmon,
que, segundo ele, lhe deram dicas preciosas de pintura e modelagem e foram a
todo tempo sempre muito gentis. No entanto, sabe-se mesmo que os grandes
professores do jovem sempre foram os seus DVDs e livros, com os quais se
diverte muito no atelier montado em sua casa: "São mais de dez livros só de anatomia. Tenho que estudar bastante
a parte óssea e a musculatura para saber como o corpo reage a cada movimento,
principalmente em poses mais contorcidas.".
A técnica do Hiper-realismo é, sem qualquer sombra de dúvidas, uma das mais difíceis e complexas da escultura, que exige horas a fio de estudos e muitos testes com materiais os mais diversos, tais como resina, silicone, tintas, moldes, livros e referências fotográficas, até que se possa chegar a uma escultura aceitável, com olhos, poros, pelos e rugas que pareçam de fato reais. Por outro lado, Caramello afirma que a poesia e o conceito da obra são mais importantes que todos esses detalhes muitíssimo aproximados à perfeição.
A técnica do Hiper-realismo é, sem qualquer sombra de dúvidas, uma das mais difíceis e complexas da escultura, que exige horas a fio de estudos e muitos testes com materiais os mais diversos, tais como resina, silicone, tintas, moldes, livros e referências fotográficas, até que se possa chegar a uma escultura aceitável, com olhos, poros, pelos e rugas que pareçam de fato reais. Por outro lado, Caramello afirma que a poesia e o conceito da obra são mais importantes que todos esses detalhes muitíssimo aproximados à perfeição.
Evidentemente, não à toa, obedecidos
a poesia e o interesse conceitual, a primeira obra de Caramello é um primor e
chama-se "Sozinho". A escultura tem como tema um pré-adolescente de
meio metro com sardas, olhos claros e aparência triste, vestido com uma capa
preta do herói Batman: "É uma
criança passando para a adolescência, que se sente triste e sozinha. Ele tem
essa capa que simboliza a infância. Todas as obras que eu faço têm um lado mais
poético, porque é isso que traz vida para a obra, mais que aparência. Pretendo
transmitir isso mais claramente nas próximas esculturas.".
Por
fim, nem só de reconhecimento vive o homem, e o artista também precisa viver. Passada
a fase de investimentos e iniciado o seu reconhecimento, todas as suas obras hoje
já estão à venda e custam entre R$ 1.500 e R$ 6 mil, o que é ainda muito pouco se comparados aos valores obtidos por outros artistas do mesmo segmento, mas não deixa de ser um grande estímulo a um jovem estudioso e muito promissor.
E Caramello quer mais mesmo. Hoje ele
só tem uma certeza: a de que quer continuar trabalhando com arte e estudando. Planeja
ir para Londres em breve para estudar a técnica hiper-realista nas melhores escolas do mundo.
Já podemos dizer que temos alguém
em quem nos inspirar para os próximos anos: artista que vive da sua arte e para
a sua arte. Brasileiro, como tantos outros, sem qualquer incentivo... mas que
não foge à luta!
Caramello não é só doce, como faz bem para a saúde dos olhos, ao contrário do diabete.
Caramello não é só doce, como faz bem para a saúde dos olhos, ao contrário do diabete.
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