Qual a maior praga da natureza? Quando a nossa evolução representa a necessidade de imposição muito antes da de partilha, algo pode ter saído errado com o nosso chip fundamental e, diante desse cenário, estaremos somente sobrevivendo. Restará, portanto, aos novos humanos restabelecer a paz fundando a nova espécie.
Durante os milhões de anos da nossa existência como
espécie, desde o surgimento dos primeiros antropoides (primatas sem cauda), até
o gênero homo, cujas diferenças fundamentais entre as espécies e subespécies, curiosamente, incluem o tamanho do cérebro, temos criado ferramentas cada vez
mais simples e tremendamente engenhosas para o auxílio determinante nas tarefas
mais complexas, tornando a construção de coisas antes consideradas impossíveis
em plenamente viáveis e surpreendentemente fáceis. É o caso dos intrigantes edifícios,
cada vez mais altos, e das construções imponentes, cada vez mais distantes das
metrópoles. Enfim, trocando em miúdos, se antes achávamos a construção das
Pirâmides do Egito coisa de extraterrestres, hoje já vislumbramos que apenas
com engenharia e tecnologia tudo pode ser possível.
Portanto, o homem constrói. Essa é a referência de
humanidade que temos.
Por outro lado, se ele como espécie racional,
eventualmente, destrói, não é porque seja de sua natureza assim fazê-lo, mas
porque esse homem andou contra a sua própria condição natural de funcionamento.
Evoluiu antinaturalmente: involuiu. Guerras, por exemplo: acreditamos que são
burras e contrárias ao que a maioria dos homens pensa sobre a solução dos
conflitos.
Mas será que estamos certos? Você, por exemplo, já
percebeu que faz guerra até em casa, nos mínimos nichos sociais de que
participa?
Curiosamente, estamos sempre em conflito e esse
conflito sempre tende a ser resolvido pela destruição das coisas envolvidas,
nunca pela construção. É a tal da “condição sine qua non” que nos mobiliza
quase sobrenaturalmente.
Ou alguém esquece que construímos um muro para guerrear (ou não guerrear) em Berlim, na Alemanha, e o derrubamos para ter paz!?
Decisivamente, a verdade é que em todos os anos em
que a vida inteligente do homem – o gênero homo, em especial, o Sapiens Sapiens
- esteve presente na face da Terra, ela muito mais destruiu do que construiu. A
quantidade de pessoas que se dedicaram a inventar soluções inteligentes para a
humanidade é uma parcela tão ínfima que muito dificilmente conseguiríamos expor
em percentuais matemáticos concretos, de modo que a nossa natureza - o nosso "modus operandi" real - muito ao contrário do que estamos condicionados a pensar,
é a da destruição e, muito longe disso, a da construção.
De um modo ou de outro, analisando de forma sóbria,
parece superlativo que o fato de termos percebido que construir ferramentas
melhores nos possibilitaria ir além da sobrevivência, tem muito mais a ver com
o desejo íntimo de dominar o nosso meio e subjugar as outras espécies, ou até
mesmo, os inferiores da nossa própria espécie, do que com a ideia de construir
um ambiente melhor para todos. O ambiente melhor, nesse caso, é o que nos faz
mais fortes para destruir os outros e, aparentemente, o que temos de construtivo é apenas a nossa percepção do mundo, aquela que apenas nos faz ser possível ter
esperança pela característica mais subconsciente que nos move a prosseguir.
Dentro de nós, somos beligerantes.
É seguro que todos os que se debruçarem sobre essa
tese amarga chegarão à conclusão eficaz de que construir é muito mais uma
expectativa do nosso subconsciente, ao passo que destruir é a mensagem
subliminar constante que está implícita ao nosso redor, em tudo e em todos. De
modo que, o que precisamos fazer para tornar o nosso mundo melhor, a despeito
de meras expectativas vãs, é justamente mudar as características desse chip que
vem embutido em nós.
Precisamos fazer filhos melhores.
Certamente, para que a resposta à tese inicial
desse modelo dissertativo não seja mais tão intrigante e tão óbvia e saia do
lugar-comum de que o homem é a maior praga da natureza, precisamos evoluir.
Reeditar o Homo Sapiens Sapiens e transformá-lo em “Homo Sapiens Sapiens Pacificus”.
Do mesmo modo que com o passar dos anos nosso
cérebro foi se tornando maior e mais equipado com melhores e mais eficazes ligações neurossensoriais, e nos tornamos Sapiens ao quadrado, e portanto, tecnológicos, ele
também passou a ser cada vez mais condicionado à tomada de liderança, e passou
a ser imperativo dentro de nós que o mundo só é melhor quando há um sentido
determinado e quando nós somos os capitães desse rumo. Nesse caso, esse sentido determinado deve ser alcançado a qualquer custo.
Em tempo, é primordial que precisamos ensinar aos nossos
filhos sobre a diversidade de ideias do mundo e sobre o fato de que ela é
inerente e proporcional ao aumento progressivo da inteligência média. Incutir-lhes
que devam agir diferentemente de gafanhotos: que não precisam ser pragas
sociais. Necessariamente, precisamos dizer-lhes que tenham cada vez menos
filhos no futuro - o mundo não precisa de mais gente! - e cada vez mais tarde. As
próximas gerações devem ser gradativamente mais capazes de entender que só
podem ter filhos quando isso seja plenamente viável do ponto de vista social,
precisam antes, concluir seus estudos, ter bons trabalhos.
Assim como as ferramentas do mundo foram sendo
reinventadas a cada nova geração de homens, assim como foram sendo aprimoradas,
e refletiram a evolução do cérebro lógico-matemático do homem moderno, nossas
ideias devem ser condizentes com os novos tempos que se avizinham. E esses
novos tempos nos dizem que temos cada vez menos água e menos comida, ao passo
que se antes já agíamos como predadores de nós mesmos, o que faremos com a
progressão geométrica evidente da espécie?
Em algum momento muito próximo e óbvio, só os
melhores de nós sobreviveremos... e não serão os que fazem guerra, que isso
fique claro! Serão os que, do contrário, conseguiram entender que o mundo só é
possível para muitos em um cenário de tecnologia e de paz: os novos humanos. Estes, sim, dotados do chip da liturgia da cooperação!
Homo Technologicus Pacificus!
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